quarta-feira, 13 de maio de 2015

Her: o filme que ultrapassa os limites da multimídia

            “Her” mostra a história de um homem em um mundo não muito futurista. A tecnologia, ainda não muito avançada, porém fora da realidade atual. No início, o filme mostra que o protagonista, Theodore, vivido por Joaquin Phoenix, tem a função de escrever cartas para outras pessoas. O fato é que, ele apenas dita as cartas e um sistema operacional as redige em seu computador. É possível perceber que, as letras das cartas são diferentes, o que espelha uma inteligência muito grande do software.
            Em um mundo irreal, ainda com percepções da atualidade, percebe-se uma solidão grande do personagem principal. Talvez por conta da própria tecnologia avançada ou por questões pessoais, Theodore se mostra uma pessoa fechada para o mundo real, tanto que, na história, ele é separado de sua mulher e tem dificuldades de se relacionar com outras pessoas. Para muitos, esse fato é reflexo das relações com as máquinas que no ambiente do filme já são mais fortes.
            Em uma das cenas do filme, o personagem está ouvindo as notícias dos jornais através de um aparelho que lê as informações para ele e, apenas por comando de voz, o protagonista passa as manchetes. Isso traduz a ideia da utilização de determinados sentidos humanos usados para realizar tarefas que antes não eram possíveis.
            Em outro momento, o personagem, privado de relações interpessoais, entra em um bate papo, que também é feito por comando de voz e um fone, e o computador passa pra ele as pessoas que estão online naquele momento e quando ele encontra um que o agrada, começa a conversar, como em uma ligação telefônica, porém através de um sistema muito mais avançado pela internet. Nessa cena, é fica evidente que Theodore tem uma facilidade maior para esse tipo de relação que o permite, até, ter relações sexuais através do som e do diálogo, sem contato físico.
            Ainda assim, com a promessa de uma tecnologia mais avançada, Theodore adquire um novo software que traz uma realidade muito mais avançada do que pode-se imaginar. No momento da instalação da aquisição, o computador chega a questioná-lo se ele prefere uma voz feminina ou masculina. E também, para obter o perfil do escritor, o sistema pergunta como era a relação com a sua mãe e através disso consegue desenvolver uma base de dados que aproxima o sistema e Theodore.
            Apenas uma voz, completamente humana, que começa a conversar com o personagem como se estivesse presente no mesmo ambiente. Samantha, com a voz de Scarlett Johansson, como ela se autodenomina, deixa evidenciado logo nos primeiros diálogos que ela é um computador e que seus pensamentos são reproduzidos através do contato com Theodore. Porém, é possível perceber muito grande na tecnologia antes evidenciada. A voz serena de Samantha em determinados momentos ou a elevação no tom quando, aparentemente, ela está mais agitada são expostos no longa.
Reprodução/Google
           Ao longo do filme, a relação entre o personagem principal e a máquina começa a aumentar e se torna uma amizade quase tão verdadeira quanto uma relação física. Ele está a todo momento com ela através do fone e ela o ajuda em seu trabalho. De início, não consegue-se perceber incômodo em Theodore por estar tendo tal relacionamento com Samantha. Porém, quando a máquina começa a evidenciar sua inquietação pela aproximação do protagonista com uma garota, fica evidente a evolução que o sistema operacional tem passando a ter um sentimento verdadeiro pelo até então amigo.
            A partir disso, o relacionamento se torna muito mais forte e os dois, em um momento insano do filme, têm relações sexuais através apenas voz. Esse momento é marcado por uma mudança no ritmo do filme. O computador, representado por Samantha, começa a ter um sentimento real por Theodore e isso é surreal, já que demonstra uma relação quase que verdadeira onde o personagem se sente feliz e por estar com o computador. Tanto que ele não nega o relacionamento e as pessoas não acham estranho tal relação. Ou seja, esse fato denota a normalidade que a tecnologia se encontra na vida das pessoas na época em que o filme é habituado.
Reprodução/Google
            Como em uma relação comum, os dois brigam, namoram e se divertem. Até determinado momento onde, para Theodore, tudo começa a desmoronar e, em uma monotonia como no começo do filme, a relação dos dois fica estremecida e, por mais absurdo que seja, o longa trata com naturalidade a questão e a mesma emoção que uma história de amor comum.
            Por fim, Samantha que não deixa de ser apenas uma máquina, sofre outra evolução. Numa espécie de revolução, Theodore descobre que a sua namorada também se “relaciona” com outras centenas de pessoas, evidenciando que é apenas um sistema operacional, e assim ela deve “partir”. A despedida acontece como em uma verdadeira história romântica e o filme mostra, a partir disso, que o presente não se diferencia muito e os relacionamentos, e todos os seus enigmas, acabam se tornando muito mais frequentes diante da tela de um aparelho tecnológico.

Confira o trailer do longa "Her":

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