terça-feira, 26 de maio de 2015

A notícia dentro das redes sociais: um marco para o jornalismo online


            Como constatado em outras ocasiões, o surgimento da internet, englobada nas novas tecnologias de informação, trouxe grandes mudanças nos paradigmas da comunicação e no jornalismo. A proposta de algo mais ágil e mais abrangente tornou a web cada vez mais forte. E, obviamente, as pessoas descobriram uma nova forma de se expressar. Participar da notícia era uma novidade que há poucos anos não era possível nos tradicionais jornais. 
            É aí, então, que surgem as redes sociais. Intrínsecas na cibercultura, as redes sociais chegaram e tornaram a comunicação interpessoal muito mais fácil e a forma como ela propicia a expressão das pessoas, tornou-se marca registrada de seu conceito. Assim, não demorou muito para essa nova sociedade ganhar importância e notoriedade.
            No artigo de Gastão Muri, jornalista do site Observatório da Imprensa, ele mostra a forma como as redes sociais se transformaram em locais onde as pessoas podem alimentar o seu ego de forma banal e subjetiva. Para ele, é a valorização do ego, e isso se espelha em como as pessoas compartilham e participam das notícias publicadas nas redes. É inegável que o indivíduo possui uma liberdade que antes ele não conhecia de poder escrever e opinar aquilo que deseja, mas na visão de Gastão, isso muitas vezes se perde com opiniões sem fundamentos que podem ou não repercutir de uma maneira que isso influenciará e fomentará o ego do indivíduo, o que lhe trará satisfação.
Reprodução/Google
             Ou seja, o uso das redes sociais hoje em dia vem sendo banalizado e está relacionado com o individualismo do ser humano, que, de certa maneira, vive em um mundo recheado de informações e maneiras de se relacionar que o torna preso ao poder da internet. Dessa forma, pode-se observar que é necessário que o indivíduo aprenda a utilizar esse gigantesco meio de comunicação a seu favor e a favor daquilo que lhe irá proporcionar conhecimento e uma opinião mais formada e embasada.
            Retornando à cibercultura, é irrefutável que, com as Tecnologias de Informação e Comunicação, como denomina Felipe Tessarolo, em seu artigo, também do site Observatório da Imprensa, a sociedade está conectada de todas as formas. Com essas tecnologias, presentes nos carros, nas casas, nas escolas mais recentemente e até mesmo nas pessoas, informações chegam a todo instante e todas essas informações não conseguem ser processadas pelo indivíduo o que denota a necessidade de uma rápida leitura por tudo aquilo que chega até ele. Hoje, vários meios de comunicação já trabalham dessa forma e pensam na necessidade de produzir uma informação muito mais prática para o indivíduo conectado nessa sociedade. 
            Seguindo essa ideia de agilidade e dinamismo, o professor de Comunicação Digital, Lili Radfahrer, em seu artigo no Observatório da Imprensa, irá discutir o aplicativo para smartphones Snapchat e a sua presença na produção de notícias. Após atualizações, o app possui uma nova funcionalidade chamada Discover. Em parceria com alguns canais, a sessão gera conteúdos de seus respectivos canais sem que o usuário migre para outra plataforma. De acordo com Radfahrer, essa novidade é abrangente no sentido que o internauta procura sempre algo que seja de fácil acesso, e dessa forma, apenas com o deslize do dedo e um toque, é possível encontrar diversos tipos de informação.
            Radfahrer destaca que o aplicativo é ideal para as pessoas que, do mesmo modo que veem fotos e vídeos de amigos, podem se informar durante o pouco tempo livre que possuem. E a produção visual, por ser muito mais comunicativa e explicita, estabelece uma possibilidade de se informar dos assuntos mais atuais e, apesar de não ter um lugar onde essas informações ficam armazenadas, é um projeto inovador. Em sua campanha de lançamento, como mostra o vídeo abaixo, o anúncio diz que “existe algo novo todo dia”, o que se aplica ao conceito das novas tecnologias de informação.

Reprodução/Google
       
            Tessarolo, ainda, traz ao leitor um conceito que é muito presente nos dias atuais. Qualquer pessoa, que esteja conectada nesse mundo cibernético, é capaz de produzir uma notícia e publicá-la imediatamente, no mesmo instante em que ela acontece. A instantaneidade possibilita, assim, uma infinidade de informações publicadas ao mesmo tempo em uma rede social. No Facebook e no Twitter, essa realidade é cada vez mais evidente. Mesmo com os poucos 140 caracteres disponibilizados pelo Twitter, a rede possibilita a publicação de fotos e vídeos que denotam uma informalidade muito maior nos dias atuais e que evidencia o jornalismo online.



O vídeo abaixo irá discutir a utilização do Blog e do Twitter no Jornalismo Online:


            Para tentar correr atrás do prejuízo, alguns veículos surgem com uma nova forma de informar, o que Tessorolo destaca como “listas banais”:
            Alguns veículos têm utilizado novas abordagens na hora de publicar (nas redes sociais) uma informação. Dentre elas o autor destaca o artigo em forma de lista (10 curiosidades sobre fulano, 15 dicas para ter uma vida mais saudável, 10 filmes de terror com zumbis e assim por diante) e um vídeo chamativo curto, pois a notícia postada no Facebook irá competir com fotos da última festa, mensagens do chefe, informações sobre o seu time etc.


Reprodução/Google
            Esse novo tipo de notícia, de acordo com o jornalista, rouba o espaço das notícias relevantes para a sociedade. Ele cita, como exemplo, o site BuzzFeed, que utiliza artigos em forma de lista para explorar um fato em evidência no momento com o uso, inclusive, de memes (uma outra forma de comunicar que ganhou espaço com o surgimento das novas tecnologias de informação). Dessa forma, a interação e a leitura se tornam muito mais ampla, superior, por exemplo, do tradicional jornal impresso. 

            Teassarolo mostra, ainda, a visão do professor André Lemos e seu artigo Ciber-Cultura-Remix. De acordo com ele, a ideia de Lemos é que a cibercultura está caracterizada em três leis “fundadoras”, como menciona o jornalista. Segundo o professor, a radicalidade – e não novidade – passada através da internet e as redes sociais está no fato de qualquer pessoa poder transmitir e receber informações ao mesmo tempo, o que muitas vezes contribui para que determinada notícia se torne mais completa.

            A partir disso, ele abre espaço para a discussão de um artigo de Dal Marcondes, jornalista da CartaCapital, onde ele questiona o fato de que, uma informação veiculada através das redes sociais, muitas vezes rendem opiniões baseadas em uma notícia que, até então, não é confirmada. E isso está relacionado com a confiabilidade que o jornalismo online possui. Algo que a jornalista Lívia Vieira, também do Observatório da Imprensa, irá mostrar através de uma pesquisa. 

            De acordo com o levantamento divulgado, mais de 70% das pessoas que estão conectadas nesses universo contemporâneo, não confiam naquilo que é repassado pelas redes sociais. A partir disso, fica evidente a necessidade de o indivíduo pesquisar outras fontes de informação que irão comprovar aquilo que é noticiado nas redes sociais. O processo de apuração, passado na faculdade de jornalismo, ainda é preciso para que obtenha-se mais confiança naquilo que vem sendo transmitido na internet. Para Marcondes, o jornalista precisa utilizar essa conexão para estabelecer tal confiança já que algo que é filtrado por um profissional da área, tende a ser levado com mais seriedade.
            Segundo Marcondes, essa prática é necessária para que o jornalismo, utilizando suas palavras, não se transforme em um “entretenimento travestido”.
            “Uma frase que circula entre jornalistas explica um pouco desse dilema: ‘Existem dois tipos de jornalismo, aquele que investiga e publica as coisas que a sociedade precisa saber e aquele que publica o que a sociedade quer saber’. É muito mais fácil e cômodo trabalhar com o segundo tipo, que vai em busca da reação fácil, do riso ou das lágrimas pré-fabricadas. O difícil e muitas vezes caro, tanto em dinheiro como em impacto pessoal para o profissional de jornalismo, é desnudar os fatos que a sociedade precisa e tem o direito de saber.”

            Outro fator que Messarolo traz em seu texto, é a relação dos meios de comunicação tradicionais com a internet. Assim, ele cita o filólogo Umberto Eco, ao ressaltar que esses meios comunicacionais devem agir como filtros daquilo que é transmitido na internet para que continuem sendo espelhos “da democracia, da liberdade e da pluralidade”.

            Para Lívia, em meio a tantas informações que chegam até as pessoas, e que muitas vezes confundem, é necessário impor confiança ao jornalismo online, já que este está em grande ascensão atualmente. E é evidente a necessidade que o jornal, online ou não, precisa transmitir credibilidade ao seu cliente para que este continue consumindo suas informações.


O programa abaixo discute a credibilidade do jornalismo online. Confira!
Acesse:
Redes sociais e individualismo
Reflexões sobre o jornalismo na sociedade contemporânea
Reinventando a notícia

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